Formação
Glossário
Este espaço apresenta um lista de entradas, organizadas em ordem alfabética, que visam auxiliar na compreensão de termos, de conceitos transdisciplinares e o modus operandi de um trabalho co-formativo.
ABDUÇÃO: (inferência abdutiva) hipótese a partir de um novo quadro de inferência. Também chamada retrodução, é um termo usado por Peirce para substituir o usado inicialmente, hipótese. É a inferência que nos leva a propor uma hipótese nova capaz de dar conta de algo inexplicável pelos conhecimentos atuais. (Fonte: Charles Sanders Peirce, filósofo americano (1859-1913). Sua teoria foi redescoberta pela semiologia, pela filosofia, pela fenomenologia e agora pela transdisciplinaridade)
ACENO: O fundamento do verdadeiro é o poder se mostrar das coisas. As coisas se mostram se escondendo. Cada coisa é o mostrar-se finito de algo por oposição ao que não está a mostra. Apesar dessa dificuldade somos sensíveis a essa possibilidade de abertura para o que não se vê. Quando isso nos atinge é sempre um estranhamento, percebemos o aceno, o chamado que é silencioso, não é um dito a que estamos acostumados, é um caminho novo que até então desconhecíamos e que abre novas possibilidades e novas articulações. Entender o chamado é uma possibilidade nossa e deixar que ele nos transforme ou não é uma escolha. [Heidegger]
ABERTURA: É onde estamos, é o Aí onde existimos e se constitui de: entendimento, de encontrar-se e da fala/linguagem. [Heidegger]
ACOPLAMENTO ESTRUTURAL: “Maturana e Varela observam que o sistema vivo e o meio em que ele vive se modificam de forma congruente. Na sua comparação, o pé está sempre se ajustando ao sapato e vice-versa. É uma boa maneira de dizer que o meio produz mudanças na estrutura dos sistemas, que por sua vez agem sobre ele, alterando-o, numa relação circular. A esse fenômeno, eles deram o nome de acoplamento estrutural. Quando um organismo influencia outro, este replica influindo sobre o primeiro. Ou seja, desenvolve uma conduta compensatória. O primeiro organismo, por sua vez, dá a tréplica, voltando a influenciar o segundo, que por seu turno retruca – e assim por diante, enquanto os dois continuarem em acoplamento.” (MARIOTTI, Humberto. Autopoiesis, cultura e sociedade. www.pluriversu.org <http://www.pluriversu.org>. Acesso em 22.03.2003)
ADAPTAÇÃO: “Nessas circunstâncias e diante desse fenômeno de acoplamento estrutural entre os organismos e o meio como sistemas operacionalmente independentes , a manutenção dos organismos como sistemas dinâmicos em seu meio aparece como centrada em uma compatibilidade organismo/meio. É o que chamamos de adaptação.” (MATURANA, Humberto R., VARELA, Francisco. A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana. São Paulo: Palas Athena, 2001. p.114)
APRENDÊNCIA: O termo aprendência, neologismo criado por Hélène Trocmé-Fabre na década de 90, foi escolhido de preferência ao termo “aprendizagem”, ainda frequentemente utilizado na educação. Afirma a autora que Aprendência é um conceito mais vasto, dinâmico, nômade e mestiço que melhor expressa as pesquisas recentes na área de neurobiologia que confirmam que somos capazes de aprender ao longo de toda a vida. O substantivo aprendência, graças a seu sufixo ência indica que se trata de um processo que se inscreve na duração, na relação viva entre educante/aprendente ao invés da aridez pedagógica que pode emergir da relação educador/aluno, cuja etimologia indica com aquele que conduz e aquele que não tem luz.(Maria F. de Mello)
ATITUDE TRANSDISCIPLINAR: “Fechando esta apresentação do paradigma, gostaríamos de comentar as três características essenciais da atitude transdisciplinar: o rigor, a abertura e a tolerância e com isto, abrir a perspectiva metodológica. O rigor diz respeito ao uso da linguagem como principal elemento mediador da dialógica ternária do transdisciplinar, dando qualidade na relação entre os sujeitos e seus contextos. A abertura diz respeito a possibilidade do inesperado na construção do conhecimento advindo das zonas de resistência entre sujeito e objeto. Já a tolerância significa o reconhecimento das posições contrárias e que estas podem avançar ou não no campo epigênico das idéias. O futuro, do ponto de vista transdisciplinar, não está determinado nem construído a priori. Há que se decidir por ele no presente.” (SILVA, Daniel José. O paradigma transdisciplinar: uma perspectiva metodológica para a pesquisa ambiental. www.cetrans.futuro.usp.br/textos <http://www.cetrans.futuro.usp.br/textos>. Acesso em 26.04.2003)
AUTO (prefixo): O prefixo auto não pode ser traduzido simplesmente por sujeito, ego, self, si, etc.. Esse prefixo remete a diferentes níveis de consciência, cada um dos quais tendo suas próprias leis e sua própria coerência.
AUTOFORMAÇÃO: Diante da supremacia da ideologia cientificista no campo da educação, a autoformação emerge como um dos modelos de ação educativa, no contexto das atuais correntes de educação de adultos, “que busca desenvolver uma abordagem interior da educação” (1). A autoformação considera a pessoa como unidade fundamental, como centro, do processo educativo e formativo. “É o autos, a pessoa, o sistema pessoa, o sujeito da compreensão, que é desafiado a ser simultaneamente sujeito e objeto da formação de si próprio” (2), ou seja, é a pessoa reconhecendo-se em sua identidade própria, em sua história de formação, podendo atribuir sentido à própria vida e à relação com o meio físico e sócio-cultural em que vive, ao mesmo tempo que, através de um trabalho sobre si, tomando consciência do seu próprio funcionamento, vai, ao longo do processo, se construindo, produzindo novas formas. Não se trata de um processo isolado, de uma egoformação. “A autoformação é um componente da formação considerada como um processo tripolar, pilotado por três pólos principais: si (autoformação), os outros (heteroformação), as coisas (ecoformação)” (1), articulando a interação pessoa/meio ambiente e a tomada de consciência reflexiva. Essa articulação se dá através de “três processos de retroação: retroação de si sobre si (subjetivação), retroação sobre o meio ambiente social (socialização) e retroação sobre o meio ambiente físico (ecologização)” (1). Segundo Pascal Galvani, a reflexão sobre a autoformação “requer, por um lado, uma abordagem transdisciplinar, para considerar a pluralidade de níveis de realidade desses dois conceitos: autos (si) e formação. E, por outro lado, que a autoformação é um processo antropológico que requer uma abordagem transcultural”. (1) GALVANI, Pascal. A Autoformação, uma perspectiva transpessoal, transdisciplinar e transcultural. In: Educação e transdisciplinaridade II. São Paulo: TRIOM, 2002. (2) COUCEIRO, Maria do Loreto Pinto de Paiva. Processos de Autoformação: uma produção singular de Si-Próprio. 1992. Dissertação (Mestrado em Ciências de Educação) – Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, Portugal.)
AUTONOMIA: independência da vontade e capacidade de determinar-se em conformidade com uma lei própria, que é da razão. “Princípio autônomo”, aquele que põe em si a validade ou regra de sua ação. (Abbagnano, Nicola. Dicionário de filosofia. 2000.)
REALIDADE: Ao tratar da abordagem transdisciplinar da natureza e do conhecimento, B. Nicolescu diz: “Aqui, o significado que damos à palavra “realidade” é, ao mesmo tempo, pragmática e ontológica. Entendemos por “Realidade” (com R maiúsculo) primeiramente aquilo que resiste às nossas experiências, representações, descrições, imagens e mesmo às formulações matemáticas. Considerando que a Natureza participa no ser do mundo, temos que dar uma dimensão ontológica ao conceito de Realidade. Realidade não é uma mera construção social, o consenso de uma coletividade ou algum acordo intersubjetivo. Também tem uma dimensão trans-subjetiva. Exemplo: dados experimentais podem arruinar a mais bela teoria científica. Claro que temos que distinguir as palavras “Real” e “Realidade”. Real designa aquilo que é, enquanto Realidade diz respeito à resistência na nossa experiência humana. Por definição, o “Real” está velado para sempre; enquanto a “Realidade” é acessível ao nosso conhecimento”. (op.cit. p. 48)
REALISMO: afirma que em todo conhecimento verdadeiro a representação do objeto coincide com a própria natureza do mesmo e não está fundada num conceito, mas o próprio conceito se forma pelas impressões que são deixadas no nosso aparelho cognitivo. Os realistas consideram que as formas não existem fora das suas encarnações físicas e só as conhecemos através dos cinco sentidos. Para os realistas as formas não existem fora da existência concreta e é o espírito humano que consegue abstraí-las.
Aristóteles (384−322 a.C), discípulo dissidente de Platão, foi um dos principais representantes dessa visão. Ele acreditava que existe um só mundo – o mundo real – que podemos conhecê-lo através da experiência e reflexão. Podemos então conhecer o mundo pela sensação que nos informa a partir do mundo exterior e a consciência que nos informa a partir do mundo interior. Principais representantes desta visão: empiristas como Locke (1632-1704), Hume (1711−1776) ou Russell (1872-1970); os materialistas como Diderot (1713-1784), Marx (1818-1883) ou Bunge (1919 -), e muitos cientistas contemporâneos fazem parte desta corrente.
RECURSIVIDADE: Um processo recursivo é aquele cujos produtos são necessários para a própria produção do processo. É uma dinâmica autoprodutiva e auto-organizacional. A idéia de circuito recursivo é mais complexa e rica que a de circuito retroativo, é uma idéia primordial para se conceber a auto-produção e a auto-organização. “É um processo no qual os efeitos e os produtos são, simultaneamente, causadores e produtores do próprio processo, no qual os estados finais são necessários para a geração dos estados iniciais.” (MORIN, Edgar, CIURANA, Emílio-Roger, MOTTA, Raul Domingo. Educar na era planetária: o pensamento complexo como método de aprendizagem pelo erro e incerteza humana. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2003. p. 35)
RECURSIVO: Recorrente; o que se volta sobre si mesmo (MATURANA, Humberto R., VARELA, Francisco. A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana. São Paulo: Palas Athena, 2001. Glossário)
REFLEXÃO: “(…) a reflexão não é nem filosófica, nem não filosófica, é a aptidão mais rica do pensamento, o momento em que este é capaz de autoconsiderar-se, de meta-sistematizar-se. O pensamento é capaz de transformar as condições de pensamento, ou seja, de superar uma alternativa insuperável, não evitando-a, mas situando-a num contexto mais rico no qual cede lugar a uma nova alternativa, a aptidão de envolver e articular um anti e um meta. Permite resistir à dissociação gerada pela contradição e pelo antagonismo, dissociação que evidentemente não suprime a contradição. O pensamento possibilita a integração da contradição num conjunto, em que possa continuar fermentando, sem perder sua potencialidade destrutiva e até sua potencialidade construtiva.” (MORIN, Edgar, CIURANA, Emílio-Roger, MOTTA, Raul Domingo. Educar na era planetária: o pensamento complexo como método de aprendizagem pelo erro e incerteza humana. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2003. p. 33)
REGIMES DIURNO E NOTURNO: “Pelos termos «diurno» e «noturno» nós acompanhamos os passos de Gilbert Durand que, considerando as convergências da reflexologia, da tecnologia e da sociologia, discerne dois «Regimes» do simbolismo, um «diurno» e o outro «noturno» desdobrando-se numa tripartição funcional. O 1º concerne à dominante ativa, o segundo à dominante passiva ou receptiva. A antítese, o dualismo da luz e das trevas, define o regime diurno, caracterizando as estruturas esquizomorfas do imaginário. À este regime corresponde o raciocínio analítico que serviu de modelo aos métodos psico-químicos, às demarches científicas e à biologia. A formação médica repousa sobre essa lógica. O regime «noturno» da imagem, inversamente, capta as forças vitais do devir, revirando os valores simbólicos em Eros, noturno e feminóide, sob o signo da conversão, do eufemismo, da analogia, do misticismo, da síntese, subjetivando, de certo modo, em duas funções distintas o que o regime «diurno» pela lógica analítica tenta objetivar. A partes diurna e noturna é reencontrada na educação, se situarmos a formação «em dois tempos e três movimentos (Gaston Pineau)”.
REGIME MÍSTICO: É a fusão do sujeito com o objeto. Caracteriza-se pela interiorização fusional do meio ambiente (Galvani 1997 cap.3.)numa consciência participante que transgride todas as separações do sujeito e do objeto. é um processo de individuação, de dissolução das fragmentações engendradas pela consciência egocêntrica. É a experiência da experiência de Si (Gardet & Lacombe 1981) na mística ou na poesia. É a experiência visionária na criação científica e artística (Random 1991).
REGISTRO DE REPRESENTAÇÃO: O Registro de Representação é um inventário que permite a emergência do posicionamento dos atores sobre uma dada pessoa, um objeto, uma situação, um ambiente ou ação. Sua aplicação tem uma metodologia que abre espaço para a reflexão solitária, a escuta fina, o questionamento, o diálogo respeitoso entre atores e a possibilidade de abordar a diversidade ou a convergência de respostas. Entrar em nossas representações constitui o primeiro passo no ato de aprendência. Explicitar as imagens por vezes visuais, outras auditivas, outras cinéticas pode ser uma alavanca para compreensões, idéias que já “estão lá” se nós as submetemos ao nosso olhar e ao dos outros.Entrar em contato com nossas representações também nos ajuda na pesquisa do sentido, na semeadura de mudanças conceituais que permite que abandonemos uma percepção restrita da realidade para descobrir outros aspectos, outras relações outra maneiras de ser-agir.A incapacidade de sair de nossos próprios modos de representação é uma forma de violência. Hélène Trocmé Fabre no livro Réinventer le Métier D’Apprendre que em breve será editado em português pela Editora Triom, tece considerações relevantes sobre o processo de utilizar nossas representações para encorajar a mudança conceitual. (Maria F. de Mello)
REPRESENTAÇÃO: (1) (…) Portanto, já que a concepção da realidade é baseada na experiência subjetiva e, sendo esta capaz de conferir uma natureza altamente pessoal à percepção do mundo e aos pensamentos, então a realidade percebida decorrerá sempre do estado subjetivo do indivíduo. Cada consciência, em particular, integra e totaliza de maneira muito peculiar o seu relacionamento com o mundo. Desta forma, os fatos oferecidos pelo mundo objectual à nossa volta resultarão numa representação única e individual para cada um de nós, e será esta representação que constituirá a realidade particular de cada indivíduo. As representações são construídas pelas imagens dos objetos e dos fenômenos percebidos nas experiências anteriores e evocadas de modo voluntário ou involuntário. São entendidas, as representações, como um ato de conhecimento conseqüente à reativação de uma lembrança ou de uma imagem mnêmica sem necessidade da presença real do objeto correspondente. Para que este conceito (que é também o conceito de cognição) não fique reduzido ao fenômeno da memória, como a grosso modo poderia parecer, podemos comentá-lo mais amiudamente. (…) REPRESENTAÇÃO, transcende significativamente a simples percepção do mundo; é aquilo que o mundo passa a representar para a pessoa depois de nela introjetado ou por ela apreendido. Desta forma, enquanto o caráter da SENSOPERCEPÇÃO é melhor entendido predominantemente a nível do fisiologismo neuro-sensorial, através dos cinco sentidos, a REPRESENTAÇÃO reporta-se predominantemente à subjetividade da realidade, e é revestida de uma tonalidade afetiva particular do indivíduo, portanto, a nível afetivo-psicológico. Uma simples rosa pode ser percebida fisiologicamente através da visão, tato ou olfato, porém, será ricamente representada através do subjetivismo da pessoa. Pode até ser dispensável, nesta representação, a presença física do objeto rosa. Da mesma forma, a palavra mãe, por exemplo, que pode ser percebida pela visão, se for escrita ou pela audição, se for falada, terá sua representação interna tocada pela afetividade e jamais será igual entre as pessoas. (A representação da realidade – 1 (www.psiqweb.med.br/cursos/repres.html <http://www.psiqweb.med.br/cursos/repres.html> Acesso em: 26.03.2003)
(2) Segundo Hélène Bezille, nas ciências sociais em geral e nas disciplinas que dizem respeito à educação e à formação, em particular, podemos nos confrontar com algumas dificuldades no que diz respeito à conceituação. É o caso, entre outros, do conceito de representação, que apresenta “uma dupla dificuldade: por um lado, esse termo pertence tanto à linguagem corrente como à linguagem científica; por outro lado, ele escapa à uma apropriação exclusiva por uma disciplina”. Para a autora, o uso corrente do conceito de representação pode nos fornecer pistas que nos auxiliem no estabelecimento de ligações com o seu uso nas ciências sociais. …Na linguagem do teatro o termo representação refere-se ao ato de “pôr em cena o seu objeto”, encenar o espetáculo (a mídia estabelece analogias com isto usando termos como: palco dos acontecimentos e atores envolvidos, por exemplo). As ciências sociais ao adotarem a metáfora teatral realçam a duplicidade do sujeito que, por um lado aceita submeter-se às regras do jogo (práticas sociais), e, por outro lado, procura preservar o seu espaço privado nos bastidores. Bezille acrescenta uma terceira dimensão à concepção de ator que é a sua dimensão criativa: o seu poder de ação, de influência sobre o curso dos acontecimentos, sua responsabilidade e implicação nos problemas sociais (enfatiza a importância dessa metáfora no imaginário social e do seu potencial heurístico). (Hélène Bezille [pesquisadora do CIRET – Centre de Recherche sur L? Imaginaire Social et L?Education] in “Les Representations en Question” – Introduction au Dossier “Les Representations Sociales”, Educations, n° 1, 1997: www.barbier-rd.nom.fr/representationHB.html <http://www.barbier-rd.nom.fr/representationHB.html>) [ tradução livre Marly Segreto].
REPRESENTAÇÕES: “Realidade que tem por característica reportar-se a outras realidades, conservando, contudo uma existência independente destas, e podendo, portanto sobreviver e desenvolver-se na sua ausência. Relativamente a essas realidades constitui uma entidade psicológica nova.
REPRESENTAÇÃO FINALIZADA: imagem do real produzida por um ator guiada pelos processos de transformação do meio físico e social em que está inserido. A noção de representação finalizada coincide com a noção de imagem operativa de D. Ochanine. Apresenta nomeadamente tr6es qualidades: a selectividade e o laconismo, a polarização e a deformação social”.
REPRESENTAÇAO FINALIZANTE: imagem do “desejável”, “daquilo que se espera” relativa à ação do ator que se representa e que orienta essa ação, conferindo-lhe sentido e tendo incid6encia sobre o seu desenvolvimento. (BARBIER, Jean Marie. Elaboração de projetos de ação e planificação. Lisboa:Porto, ed.)
RETRODUÇÃO: veja ABDUÇÃO
RISS /FENDA, RASGO: É um momento único, uma oportunidade, um chamado. É quando o âmbito da ocultação invade o âmbito do existir, isto é, quando algo acontece como um aceno, um brilho que invade desocultando e, a partir desse evento, rearticulamos os fundamentos do Mundo que possíveis para aquele momento. Algo nos atinge – como a obra de arte, por exemplo – e nós vamos sendo afinados para algo que se mostra, sendo levados para o desconhecido, mas que é nosso verdadeiro lugar. É uma copresença na ausência das coisas que suspende o sentido destas nos obrigando a tomar uma atitude para nos voltarmos para o que já somos. É como uma volta para casa, nossa casa. [Heidegger]
RITO: Segundo o Aurélio, rito: regras e cerimônias próprias da prática de uma religião; culto; religião.Ritual: relativo a rito; liturgia; cerimonial; etiqueta.
SABER QUÂNTICO: “O segundo esclarecimento diz respeito ao tipo de saber que estaremos utilizando com maior freqüência na construção do paradigma transdisciplinar: o saber quântico. Um saber é o conjunto do conhecimento de um sujeito mais o tipo de raciocínio, a lógica, que este sujeito utiliza para justificar este conhecimento. O saber quântico é marcado pela dialógica da pertinência difusa simultânea, base do raciocínio transdisciplinar, que permite compreender a realidade de um mesmo objeto possuindo dois comportamentos lógicos distintos. Ele também permite, enquanto saber transiente que é, atravessar e comunicar-se, sem entrar em contradição, com os demais quatro saberes constituídos e suas respectivas lógicas: o saber religioso, o saber filosófico, o saber popular e o saber científico.” (SILVA, Daniel José. O paradigma transdisciplinar: uma perspectiva metodológica para a pesquisa ambiental. www.cetrans.futuro.usp.br/textos <http://www.cetrans.futuro.usp.br/textos> Acesso em 26.03.2003)
SAGA: indica e significa o dizer, o dito e o que deve ser dito. Dizer é o mesmo que mostrar, no sentido de deixar aparecer e brilhar, mas como um aceno que desvela a verdade. Saga é, portanto uma fala articuladora de sentido que acontece e funda algo ao mostrar a verdade do ser que se mostra como o ser da verdade. O acontecimento da verdade pode se dar em 3 movimentos (no Ocidente): na Arte – que são afinações fundamentais, disposições do espírito; na Política – a fundação se dá pelo Ato que é feito, o próprio ato é fundador; na Filosofia – são possibilidades que são fundadas e eu me projeto nessas possibilidades. Quando repensamos a saga e quando ela acontece como caminho, somos transportados, a experiência acontece e nos aparece algo, um brilho e vislumbramos um pouco mais da verdade, ela se desvela um pouco mais a nós. [Heidegger]
SANJAYA Simboliza a introspecção imparcial, aquele que conquistou a si mesmo e pode observar tudo sem julgamento ou preconceito e na Gita simboliza o insight divino. No poema é aquele que narra para o rei cego os acontecimentos.
SEMIOSE: inferência, significação. O objeto. O signo (representamem). O Interpretamen. (Fonte: Charles Sanders Peirce, filosofo americano (1859-1913). Sua teoria foi redescoberta pela semiologia, pela filosofia, pela fenomenologia e agora pela transdisciplinaridade)
SEMIÓTICA: teoria geral dos signos. “Doutrina quase necessária ou formal dos signos (CP. 2227). É o outro nome para a Lógica. (Fonte: Charles Sanders Peirce, filosofo americano (1859-1913). Sua teoria foi redescoberta pela semiologia, pela filosofia, pela fenomenologia e agora pela transdisciplinaridade. )
SIGNO: (1) Direção semântica das palavras signo, algorítmo e notação, designando a «função de ligação operada pelo símbolo entre duas ordens de realidade», sendo mais convencional e artificial. Galvani acrescenta que, ainda segundo Borella, «signo e símbolo significam, ou seja, ambos orientam o “leitor” para um objeto ou referente, mas o modo de referência é diferente para cada um, que é o que funda toda a distinção entre signo e símbolo». O modo de referência do signo é designativo, o do símbolo é de presentificação, «ele presentifica tornando presente por seu próprio ser».Nesse ponto de vista, a distinção entre símbolo e signo repousa sobre sua função referencial. O símbolo não designa um referente preciso e não define uma ordem de realidade particular, podendo ser interpretado em diferentes níveis. O que não acontece com o signo, que define o objeto designado e sua ordem de realidade (signo matemático, por ex.).
(2) relação triádica envolvendo um signo, um objeto e o interpretante. O interpretante como elemento ativo reenvia o signo a seu objeto. (Fonte: Charles Sanders Peirce, filósofo americano (1859-1913). Sua teoria foi redescoberta pela semiologia, pela filosofia, pela fenomenologia e agora pela transdisciplinaridade)
SÍMBOLO: Aspecto mais convencional e social do termo: atributo, insígnia e representação, sendo religados por a sua codificação convencional. (1) Galvani trata de outras significações da palavra símbolo:«Uma das significações mais antigas da palavra remete aos termos imagem, reflexo, ícone, traço e vestígio (escolas pitagórica, platônica e egípcia)», aplicando-se à toda a criação como o reflexo do mundo espiritual; e a natureza icônica do mundo sensível faz do símbolo um reflexo que “significa por presentificação”. Outra significação remete «aos termos alegoria, parábola, metáfora», referindo-se à retórica, ao discurso, e, em seu conjunto, evocando o deslocamento, o transporte (a metáfora evoca uma idéia de transporte, de transferência de sentido).
(2) “O primeiro [conceito] a ser aprofundado foi o de Símbolo, ferramenta que me pareceu importante para poder pesquisar as questões que me intrigavam. Os símbolos pareciam se apresentar como enigmas, escritos em linguagem cifrada que, ao ser decifrados, nos permitiam adentrar em outros níveis de realidade que não se mostravam de forma literal e explícita. Um símbolo pode ser uma idéia, uma emoção, um acontecimento ou um objeto que, além de seu significado literal, possui outros significados ocultos e até mesmo inconscientes. O que chamamos de símbolo é um termo, um nome ou mesmo uma imagem que nos pode ser familiar na vida diária, embora possua conotações especiais além de seu significado evidente e convencional. Implica alguma coisa vaga desconhecida e oculta para nós” (Jung,1964.p.20). (…) Para Alicia Fernández (1990), o mundo simbólico é que organiza a vida afetiva e as significações, é ele que nos permite pôr em relação, é através dele que nos diferenciamos, torna-nos únicos, damos conta de nossos sonhos, de nossos erros, de nossas lembranças e de nossos mitos. Nesse nicho, no qual se articula o mundo lógico e simbólico é que surgem os movimento que nos levam a buscar o conhecimento para preencher espaços vazios. (FURLANETTO, Ecleide C. A formação do professor: dimensões simbólicas da pesquisa interdisciplinar. 2001).
SVARDHARMA Nosso dever particular.
TRAJETO ANTROPOLÓGICO: (…) “trajeto antropológico”, que nada mais é do que relação, trajetividade, entre os pólos biopsíquico (pulsões subjetivas) e sociocultural (intimações do meio). O trajeto põe em relação uma representação ou atitude humana, aquilo que vem do psicofisiológico, e o que vem da sociedade e da sua história, impedindo “epistemologicamente”, a dominância de um sobre o outro (Durand, 1980). Da mesma forma, resolve o problema da anterioridade ontológica de um dos pólos, pois postula, de uma vez por todas, segundo Durand (1997), a gênese recíproca que oscila do gesto pulsional ao entorno material e social e vice-versa. É na trajetividade que a representação do objeto se deixa assimilar e modelar pelos imperativos pulsionais do sujeito e, reciprocamente, as representações subjetivas explicam-se pelas acomodações anteriores do sujeito ao meio objetivo. A pulsão individual tem sempre um “leito social” no qual corre facilmente ou, pelo contrário, luta contra os obstáculos, de modo que o sistema projetivo da libido nunca é pura criação do sujeito, uma mitologia pessoal (Durand, 1997).
(TEIXEIRA, Maria Cecília Sanchez. O imaginário como dinamismo organizador e a educação como prática simbólica <http://www.cice.pro.br/textos/cecilia_brasilia.doc>. Acesso em 26.03.03)
TRANSCULTURAL: “Pessoalmente acredito que podemos falar de transcultural somente no que diz respeito a determinadas estruturas fundamentais da cultura, tal como vimos no que diz respeito ás três dimensões ontonômicas (mito, logos, mistério) ou à dimensão cosmoteândrica. O transcultural corresponderia então à partilha de certas invariantes humanas que estão presentes em todas as culturas como elementos estruturantes destas, mas não em seus conteúdos e explicitações….não acho que a passagem a fazer seja do intercultural ao transcultural, mas precisamente, pelo que acabo de dizer, do transcultural ao intercultural. É por existirem certas dimensões transculturais que podemos pretender um diálogo intercultural como realidade plausível , não para chegar ao estabelecimento de uma transcultura ou metacultura, mas para que as diferentes culturas possam chegar a ser mais completas , em todas suas dimensões, para serem mais plenamente o que já são. …Finalmente, não acho que cada cultura seja um instrumento de uma sinfonia, mas antes uma sinfonia em si mesma que, certamente, através da escuta atenta e amorosa de outras sinfonias, com outros ritmos e outros instrumentos, pode enriquecer a maneira de tocar a sua partitura. (COLL, Augustí Nicolau. As culturas não são disciplinas: existe o transcultural? In: Educação e transdisciplinaridade II. São Paulo: Triom, 2002.)
TRANSDUÇÃO: diz respeito á lógica analógica, passa do domínio da abstração parao domínio da imaginação e do sentimento. Relacionada com a razão sensível e com o conhecimento comum. (Fonte: Charles Sanders Peirce, filosofo americano (1859-1913). Sua teoria foi redescoberta pela semiologia, pela filosofia, pela fenomenologia e agora pela transdisciplinaridade. )
TRANSJETIVIDADE: Existe um ritmo justo na vida: não é mais a consciência, a razão soberana que guia a ação, mas um constante estar de acordo com a matéria natural que será o caminho que a mão toma no seu gesto criador. Nesse ajustamento não existe uma prevalência do sujeito sobre o objeto nem uma oposição entre o subjetivo e o objetivo, mas uma transjetividade, isto é, um constante vai e vem de ambos que se interpenetram – é tomar em ação a inteiridade das coisas respondendo com a integridade do ser. [Ref.: a Michel Maffesoli no livro Matrimonium – Petit traité d’ecosophie, 2010]
UNITAS/MULTIPLEX: “Refere-se à idéia de que a espécie humana é uma relação complexa dialógica e recursiva entre a unidade e a diversidade. Compreender o humano é compreender sua unidade na diversidade e sua diversidade na unidade. Existe uma unidade humana e também existe uma diversidade humana. A unidade não está somente nos traços biológicos da espécie homo sapiens, A diversidade não está apenas nos traços psicológicos, culturais e sociais do ser humano. Existe também uma diversidade propriamente biológica no seio da unidade humana, não só há uma unidade cerebral, mas mental, psíquica, afetiva e intelectual. Além disso, as culturas e as sociedades mais diversas têm princípios geradores ou organizadores comuns. É a unidade humana a que leva em si os princípios de suas múltiplas diversidades. O fundamental é compreender que aquilo a que chamamos “Natureza humana” não é nada substancial: trata-se de uma mesma matriz organizacional, geradora de unidade e diversidade.” (MORIN, Edgar, CIURANA, Emílio-Roger, MOTTA, Raul Domingo. Educar na era planetária: o pensamento complexo como método de aprendizagem pelo erro e incerteza humana. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2003. p. 80-81)
VYASA: É aquele que vê antes tudo o que vai acontecer na nossa história, que narra os fatos e dita a história do Mahabharata para Ganesha escrever. Ele narra a batalha de duas famílias – os Padavas e os Kurus -, mas que fala da batalha universal que todo homem realiza diariamente em sua vida.
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