Abraham J. Heschel

“Nesta obra de Heschel, introdução ao pensamento de maturidade do autor, encontram-se os fundamentos para reflexão da ética sob o enfoque da filosofia da religião que considera o pensamento situacional, o sujeito da experiência no contexto existencial. O autor convida a um percurso pelo texto sagrado, numa perspectiva que tem por base a Torá para reflexão e entendimento da complexidade dos meandros que constituem a alma humana em busca de sentido.” – Glória Hazan, na introdução da edição brasileira.

Trechos do livro:
Vivemos aquilo que somos ou aquilo que temos, ou em função daquilo que possuímos? Nossa dificuldade é que sabemos muito pouco a respeito da natureza do ser humano. Sabemos o que o homem faz, mas não sabemos o que ele é. Na caracterização do homem, por exemplo, como um inventor de ferramentas ou um animal pensante, fazemos referência às suas funções, não ao seu ser. Seria concebível pensar que toda a nossa civilização esteja baseada em uma interpretação errônea a respeito do homem? Ou será que a tragédia do homem moderno se deve ao fato de que ele é um ser que esqueceu a questão: “quem é o homem?”. O erro na própria identificação, de saber o que é a autêntica existência humana, leva o homem a assumir uma falsa identidade, a fingir ser aquilo que ele é incapaz de ser ou não conseguir aceitar o que está na raiz do seu ser. A ignorância a respeito do homem não é falta de conhecimento, mas sim conhecimento falso.

…Em inglês, dizer que uma pessoa tem “presença” é uma expressão difícil de definir. Existem pessoas cujo ser essencial é sentido de vez em quando, mesmo que não se manifestem em ações e fala. Elas têm “presença”. Outras pessoas podem estar aqui todo tempo, sem que ninguém perceba sua presença. Dizemos que tem presença uma pessoa cujo exterior comunica algo de seu poder ou grandeza interior, cuja alma é irradiante e se expressa sem palavras.