Cetrans

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Vittorio Zecchin (1878 – 1947)

Celebrar o que não existe.
Há outro caminho para celebrar o que existe?

Celebrar o impossível.
Há outro modo de celebrar o possível?

Celebrar o silêncio.
Há outra maneira de celebrar a palavra?

Celebrar a solidão.
Há outra via para celebrar o amor?

Celebrar o reverso.
Há outra forma de celebrar o direito?

Celebrar o que morre.
Há outra senda para celebrar o que vive?

O poema é sempre celebração
   
porque é sempre o extremo
da intensidade de um pedaço de mundo,
sua espada de fervor restituído,
seu punho de entusiasmo desvairado,
sua mais justa anunciação, a mais firme,
como se estivesse florescendo a voz.

O poema é sempre celebração,
ainda que suas bordas reflitam o inferno,
ainda que o tempo se crispe como um órgão ferido,
ainda que o passadiço histriônico que empurra as palavras
desordene suas voltas-retas com suas piscadelas.

Nada pode ocultar o infinito.
Seu gesto é mais amplo que a história,
seu passo é mais largo que a vida.

Roberto Juarroz (1925 – 1995)

 

 CETRANS HOJE 

CICLOS

A vida se manifesta através de infinitas séries de ciclos de tempo, uma vez que todos os seres estão presos no tempo e a ele se submetem à medida em que nascem, crescem e morrem. O ciclo mais óbvio para todos os habitantes do planeta Terra é o do claro/escuro: dia/noite. Outros existem e são igualmente tão reais e fazem parte de nossas vidas mesmo que não os percebamos. Há ciclos fisiológicos como o dos hormônios que nos influenciam cotidianamente.

As contínuas mutações da natureza nos trazem diferentes tipos de energia, influenciam todas as pessoas, umas mais, outras menos e são percebidas com diferentes intensidades; a elas respondemos de formas singulares segundo a maneira pela qual percebemos estes movimentos. A vida, como a natureza, é cíclica e sábia, sempre se renova e nos oferece um retorno a algum ponto de partida de onde nos seja possível recomeçar. Ciclos trazem mensagens e forças de grande significado, mas por nossas resistências cognitivas e no atribulado afã da sucessão de dias, perdemos o hábito de refletir sobre eles e sobre seus simbolismos. Ignorando-os, ignoramos alguns de nossos processos de e na vida. Por vezes, a reflexão sobre esses ciclos ocorre a posteriori e a compreensão pode se fazer/acontecer ou não.

Além do dia/noite, pouco nos relacionamos com o ciclo de sete dias, a semana e, menos ainda, com sua progressão energética representada de segunda a domingo pela: multiplicidade das formas; idealização da forma; aperfeiçoamento da forma; aprisionamento na forma; busca da luz da forma; mobilidade na forma e solidão necessária; destruição da forma e a preservação do espírito.

No ciclo de 28 dias, a Dama Lua nos convida a nos sintonizarmos com os mistérios do feminino, com a força do acolhimento, da geração e da dádiva. O ciclo mensal nos traz uma riqueza de dimensão exterior, no nível de nossa personalidade e, uma riqueza de dimensão interior, no nível de nossa alma; ele abre portais para articulação de aspectos da vida material e espiritual de nossas vidas.

No ciclo anual se inscrevem as quatro estações do ano, regidas pelo movimento do Sol e pela dialética energética criativo/receptivo, bem como a emergência e imersão do/no sopro de vida e desejo.

Cada um destes ciclos são operativos. Eles são estruturas inerentes ao ser humano e se fazem representar com pertinência na psique das pessoas, na sociedade e na história da humanidade. Ciclos são pontos de força no tempo e no espaço. Mesmo que os desconsideremos eles estão inscritos em nosso inconsciente, se expressam em nossos sonhos. Ao nos relembramos destes ciclos, destes acontecimentos, celebrando-os, estamos ao mesmo tempo entrando em ressonância com suas potências e possibilidades; rememoramos experiências vividas por aqueles que vieram antes de nós. Essas experiências, por pulsarem em nosso coração e em nosso inconsciente, podem ser reavivadas. Apreender e aprender o sentido dos ciclos nos traz prontidão, a experiência do momento, a compreensão e a vitalidade do contínuo renovar.

Ciclos são o ritmo e a melodia da música da vida. E esta música aí está para ser sintonizada, ouvida, dançada, cantada e compartilhada em celebrações simples ou jubilosas, íntimas ou coletivas. Em cada ciclo, algo clama por ser vivido, conservado ou transformado, esquecido ou atingido. Neles a expressão vivente de nossa exterioridade formal e fecunda. Neles nossa intimidade silenciosa e eloquente.

 

 PALAVRA DO LEITOR 

Dalva Alves – Transdisciplinaridade? A meu ver com este texto de abertura no CI@ 26, o CETRANS toma uma posição sobre o ser-fazer TD hoje. Deixa claro que tudo é interligado e interdependente. Alerta a quem pretende fazer TD, sobre a importância de desapegar-se da necessidade de modelos, de ousar com responsabilidade, considerando a intenção motivadora no fazer transdisciplinar. Discernir os diferentes níveis de realidade em que as necessidades emergem é chave para se buscar caminhos possíveis e referenciais apropriados para responder a cada situação. A natureza criativa e propositiva da TD põe-nos no movimento de olhar a vida como viventes, agentes e receptores, transformadores, cada vez mais conscientes em responder com ações responsáveis às demandas que surgem no processo de viver, conhecer, produzir conhecimento, dar e receber.

Ideli Domingues – Ao ler todo o CI@ 26 me deparei com algumas frases que me trouxeram reflexões que gostaria de compartilhar. Uma delas foi sobre os Níveis de Realidade que, além de fazerem parte da TD, muitas vezes são esquecidos ou sequer mencionados nas análises transdisciplinares. Outro ponto, é sobre a inclusão da arte. Em algumas das filosofias orientais encontramos a ênfase nas artes de elevado nível, como aquelas que elevam o caráter do homem, na medida em que nos conduzem a uma expansão de consciência, de forma natural. Estamos aptos a percebê-las e incorporá-las? Na medida em que conhecemos o que é bom, fica mais fácil reconhecer o que não é. Penso que este é o papel de cada CI@...

Maria F de Mello – reunir-se em volta de uma mesa para desfrutar de uma boa comida e de uma boa conversa é um costume antigo e bem celebrado no CETRANS. No último sábado do mês, quando por ocasião dos Encontros TD, na hora que antecede a palestra do dia, durante farto café da manhã oferecido, as pessoas se encontram, falam de experiências, comunicam eventos, dialogam sobre assuntos práticos ou filosóficos, comentam leituras, indicam bibliografia, se conhecem, se reconhecem e mais... Essa troca espontânea, singela, nutre e atende a uma necessidade básica do ser humano: estar junto e compartilhar. Nela uma possibilidade de relaxar, um espaço-tempo propício para se inspirar e talvez até mesmo para criar. Mesmo Platão já sabia disto, como lembrou o Amâncio no encontro de novembro.

 

 ACONTECIMENTOS 

Em 21 de outubro a escritora e contadora de histórias Cleo Busatto, membro do CETRANS, participou do 26º Congresso do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo – SINPEEM e falou sobre o tema «Transdisciplinaridade – Modo de Ser e Estar no Mundo».

Em 23 de outubro o psicanalista Ignacio Gerber, docente do Instituto de Formação da Sociedade de Psicanálise de São Paulo – SBPSP –, membro do CETRANS, falou sobre o tema «Bion, Ogden, Pontalis – Psicanálise na Era das Trans-Escolas». Para Ignacio, uma característica comum a esses três pensadores da Psicanálise é seu humor irônico sobre as ideias estabelecidas, permitindo-se recriá-las livremente. Para ele a «Era das Escolas exclusivas» se esgotou na Psicanálise atual, o que nos convida a sínteses pessoais em constante renovação.

No dia 06 de novembro realizou-se na sala CETRANS o «Café-Encontro com Mariana Thierot- Loisel». Mariana na ocasião compartilhou momentos e emoções de sua trajetória de 10 anos vivendo fora do Brasil, apresentou suas últimas realizações no campo da Pintura e da Literatura – com o catálogo da Exposição de Pinturas realizada no Canadá e os livros «O Risco de Filosofar: diálogo de uma descolecionadora» e «Le sens qui luit en hiver» –, além de declamar algumas de suas poesias. Com isso estabeleceu-se um diálogo interessante e descontraído entre as pessoas que ali estavam, sobre o porquê a poesia deve fazer parte da formação científica e também sobre a influência da tecnologia na vida do homem moderno. Estiveram presentes membros do CETRANS e outros amigos de longa data. Para ouvir a gravação do Café-Encontro, acesse o link http://goo.gl/Shf9oD 

Teve lugar no dia 23 de novembro o «Encontro de Transdisciplinaridade Aplicada à Religação do Ser Humano com sua Essência», promovido pelo setor de Transdisciplinaridade aplicada à Saúde da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP. O encontro teve por objetivo gerar um diálogo sobre a importância da reconexão do Ser Humano com sua própria dimensão essencial ou supramental e a relação deste processo com o resgate da saúde e do bem estar. Foram palestrantes o Prof. Dr. Marcelo Demarzo e o Dr. Fernando A. C. Bignardi, ambos membros do CETRANS.

Aconteceu no dia 27 de novembro o último encontro dos «Seminários Estaduais Psicologia, Laicidade e as Relações com a Religião e a Espiritualidade», promovido pelo CRPSP – Conselho Regional de psicologia de São Paulo – com a conferência do Prof. Nilson Machado sobre o tema «Psicologia, Espiritualidade e Epistemologias não hegemônicas». Estes seminários foram organizados sob a coordenação do Dr. Luiz Eduardo Berni, membro do CETRANS, contando com o apoio da Universidade de São Paulo – USP, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUCSP e DA Universidade Paulista – UNIP.
Gravação disponível no Youtube: https://goo.gl/6XY0fQ 

Dia 14 de outubro realizou-se na sala CETRANS, a palestra introdutória do Curso de Mindfulness, proferida pelo psicólogo e instrutor de mindfulness Vinicius Terra Loyola. Esta atividade foi coordenada por Vera Laporta, membro do CETRANS. Nas 8 semanas subsequentes, sempre às quartas-feiras, de 21 de outubro a 09 de dezembro, foram ministradas por Vinicius, aulas e práticas meditativas que muito beneficiaram seus participantes.
Clique aqui para ler os depoimentos de alguns dos participantes dessa prática.

O Grupo Vocal «Trato no Tom» da UNIFESP, do qual participa Maria Sylvia Vitalle, membro do CETRANS, se apresentou no dia 05/12 no IV Encontro de Corais da Aliança Francesa no Teatro da mesma instituição em São Paulo, e, no dia 22 do mês passado, no Armazém da Cidade com o espetáculo «Saudade... o meu remédio é cantar». «Trato no Tom» é um dos corais que participa do projeto «São Paulo - Cidade Coral».

O CEAG – «Centro de Educação Ambiental de Guarulhos» criado e presidido por Monica Simons, membro de CETRANS, recebeu neste mês de dezembro, por seu trabalho de 20 anos na Educação Ambiental, o «Prêmio Excelência e Qualidade Brasil 2015», conferido pela BRASLIDER – «Associação Brasileira de Liderança, na categoria Educação e Sustentabilidade». O CEAG foi considerada uma empresa confiável e eficiente que «acrescenta à Nação, exemplo digno de ser seguido, por todas as pessoas de boa fé, honestas e de caráter, em prol de uma sociedade mais igualitária, justa e sustentável».

 

 UM PONTO DE INTERESSE 

IMPERFEITO MAS EM PÉ

de Pierre-Yves Albrecht
do Folder do A Ciel Ouvert
été, automne 2015
Tradução Maria F de M

Esquecemos comumente que a espiritualidade é mais do que um saber, mas exprime uma maneira de ser; que ela não é uma função apenas de uma acumulação de conceitos e de teorias armazenadas na nossa cabeça mas, na maioria das vezes, do que soubemos fazer vibrar ao ritmo de nosso coração e de nosso sangue, e que se manifesta em uma harmonização profunda da alma e do corpo.

Por imperfeito eu compreendo esta qualidade de um homem que não se reduziu a normas mecânicas e às morais polidas de uma cultura moderna atônica e sem alegria. E isso é bom.

Por de pé eu compreendo este mesmo homem que tenta, com seus humildes defeitos e suas asas de gigantes, se dirigir ainda mais alto, de se elevar ainda de sob as ruinas até este céu que ele pressente ser seu reino.

Trata-se então de uma história de ascensão, onde hoje, mais do que nunca, este homem escolhe e se engaja em uma busca liberadora sobre a montanha de seu ser.

Há na vida, como alguns já afirmaram, esta faculdade misteriosa e ambígua de querer se içar a certas altitudes por um tipo de retidão cavalheiresca, onde o «viver mais» o mais intensamente possível, se transforma então em um «mais que viver». Neste nível, a vida, tal como uma energia menos sublimada, se liga a uma grande luminosidade, tornando-se Vida. O ser adquire sua verdadeira medida e acorda enquanto a natureza a mais profunda do espirito, esta que é infinita, que transpassa todas as formas, que integra todos os relevos e conserva o múltiplo em uma unidade radical.

Aí, a agitação vã e a impermanência dos povos das planícies tão perfeitas se metamorfoseiam de repente numa pacificação radiosa por aqueles que crescem e se tornam os homens em pé.

Mais detalhes: http://goo.gl/kfsfCX 

 

ENSINO DE ASTRONOMIA: JANELAS PARA A TRANSDISCIPLINARIDADE

Amâncio C. S. Friaça, IAG-USP
Astrofísico do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP

A transdisciplinaridade, desde a sua primeira menção mais bem conhecida, pelo filósofo e psicólogo suíço Jean Piaget em 1972, assinala o tema das fronteiras:

             

Finalmente, pode-se esperar que o estágio das relações interdisciplinares seja sucedido por um estágio superior que seria «transdisciplinar», que não se contentaria em alcançar interações ou reciprocidades entre pesquisas especializadas, mas situaria essas conexões dentro de um sistema total, sem fronteiras estáveis entre as disciplinas.

Piaget , J. (L’epistemologie des relations interdisciplinaires, 1972, p.144)

Esta observação de Piaget é central, pois assinala que na abordagem disciplinar não há fronteiras naturais entre as disciplinas e, em um nível mais profundo, entre as modalidades do saber. De fato, a naturalização dos limites entre as áreas do conhecimento uma das causas da fragmentação atual dos conhecimentos, que tanto contribui para décadas de resultados educacionais frustrantes.

Nesse sentido, o ensino de Astronomia é um antídoto contra tal segmentação. A Astronomia, além de seu caráter motivador, pelo fascínio que exerce sobre todos, tem um grande potencial integrador das disciplinas. A própria Revolução Copernicana, que conduziu à Revolução Galileana, abole as fronteiras entre Física, Astronomia e Geometria, que foram preservadas a todo custo pela corrente aristotélica por quase dois milênios. A Revolução Astronômica pode propriamente ser chamada de Revolução Astrofísica.

A Astronomia se desenvolve em um espaço transdisciplinar, uma astroconexão que conecta campos que se costumam dissociar no ensino: Biologia, Física e Química. De volta ao astroantídoto: Astrobiologia, Astrofísica, Astroquímica. A Astronomia é Astrofísica desde Galileu, ao unificar a física celeste com a física terrestre, uma separação que devemos a Aristóteles, mas que era estranha a filósofos anteriores, como o atomista Demócrito. As recentíssimas ciências da Astroquímica e Astrobiologia são ecos de elaborações de idades muito mais antigas.

Os planetas dos antigos eram associados a metais. O Sol correspondia ao ouro, Lua à prata, Mercúrio ao elemento que leva o seu nome, Vênus ao cobre, Marte ao ferro, Júpiter ao estanho, Saturno ao chumbo. Já no século XIX, não apenas um elemento é descoberto em um objeto astronômico, o hélio, que foi descoberto no Sol, mas ele é o primeiro representante de toda uma família de elementos, os gases nobres, que teriam passado despercebidos se fosse usado apenas o laboratório úmido, pois estes elementos não reagem com outros. A descoberta dos gases nobres só foi possível graças a uma técnica desenvolvida por astrônomos, a espectroscopia, que decompunha a luz proveniente de um objeto (que pode estar longe como uma estrela, ou próximo, como em um laboratório).

No século XX, a Astronomia se pergunta sobre a origem dos elementos químicos, e encontra! Eles nasceram, os mais leves, no Big Bang, e os mais pesados nas estrelas. E agora, em pleno século XXI, a Astroquímica revela a riqueza do conteúdo molecular do Universo.

E temos a Astrobiologia, o estudo da vida no Universo. De novo, uma história profunda. Anaxágoras (ca. 500 - 428 a.C.) fala da «panspermia», de como as sementes da vida se espalham por toda a parte. O atomista Epicuro (341-270 a.C.) crê que a vida esteja presente em toda a parte do Universo. Neste momento, a Astrobiologia é um dos campos da ciência que mais apela à imaginação humana. Ela tenta responder a uma questão fundamental: onde está o outro cósmico? Agora começamos a ter os instrumentos para esta busca, indo desde a descoberta de «exoplanetas» (planetas em torno de outras estrelas) até o estudo de «extremófilos» na Terra (microorganismos que vivem em condições extremas). A Astronomia tem um papel fundamental em nossas reflexões sobre o sentido da vida e do Universo.

Nesse sentido, a Astronomia é exemplar, pois, desde a aurora da humanidade, remete a uma fronteira fundamental, aquela entre Céu e Terra. Essa borda que sempre nos escapa, o horizonte, a fronteira entre Céu e Terra, que como toda fronteira, une e separa. A força simbólica desta linha é tão grande que vários túmulos e templos da Antiguidade, desde tempos que certa vez se convencionou chamarem de pré-históricos, são orientados com os locais de nascimento do Sol durante o solstício ou equinócio, ou com o ponto de nascimento de estrelas notáveis. E pode-se dizer que a Astronomia começa de fato, quando se vai além de observar o Sol e a Lua, mas se passa a observar Vênus, o planeta mais brilhante, que nunca se afasta demasiadamente do horizonte.

Não é por acaso que Dante, no seu Convito, é porta-voz de uma longa tradição quando ao falar de amor, faz de Vênus o seu emblema, que dança ou sobre o horizonte oeste, quando recebe o nome de Vésper, ou sobre o horizonte oriental, quando é a estrela matutina. Nessa dança, ela assinala a tensão que reina na fronteira do horizonte, tensão de encontro e conflito, tensão transdisciplinar.

 

 UNIDADES DE AÇÃO - UAs 

UA Comunicação

A UA Comunicação no intuito de bem informar os membros e amigos do CETRANS, nesta primavera, assim como nas demais estações anteriores, lançou mão de todos os meios de que dispõe para divulgar e registrar, buscando qualidade, os eventos de nossa instituição, como também de outras, perscrutando acontecimentos dos quais nossos membros fizeram parte e/ou foram os organizadores. No Facebook CETRANS − https://goo.gl/NZlpdZ −, alimentado dia a dia por nós e pela dedicação de muitos dos seus participantes, encontram-se as comunicações que nos são enviadas com finalidade de divulgar atividades afins com a Transdisciplinaridade. Este espírito colaborativo nos ajuda sobremaneira na montagem da sessão «Acontecimentos» desta mídia.

Lembramos que para a divulgação de eventos de interesse das pessoas, sejam elas membros ou não do CETRANS, entrem em contato com a UA Comunicação do CETRANS através do e-mail uacomunicacao@cetrans.com.br ou pelo próprio Facebook.

 

UA Comunidade

Esta UA tem como propósito articular a relação entre os membros do CETRANS. Apresentamos aqui as palavras de abertura da VIII Assembleia de Membros CETRANS realizada nesta primavera:

Caros Membros CETRANS

Falo em nome das Coordenadoras das Unidades de Ação do CETRANS 2015 − UAs: Dalva Alves/UA Gestão; Heloisa Steffen/UA Comunidade; Vera Laporta/UA Comunicação; Vitória M. de Barros/UA Publicação e do meu, Maria F de Mello/UA Formação.

Quando o CETRANS foi fundado em 1998, o mundo e a realidade brasileira eram bem diferentes do que se mostram hoje. As demandas do CETRANS também eram bem diferentes das que se apresentam atualmente. Dentro do cenário inexorável da vida continuamente marcado por mudanças e nunca pronto, a expressão TD no contexto interno e externo do CETRANS também exige mudanças e transformações.

Esta é a 8ª Assembleia Geral Anual do CETRANS, cuja primeira versão foi em 2009. Revistando o caminho percorrido é evidente as mudanças da forma e da função desta Assembeia. Para as UAs, além deste ser um momento de prestação de contas, ele é uma oportunidade para uma afinação das UAs com os Membros CETRANS no que se refere às linhas de força das atividades vindouras.

As questões que se nos colocam agora são:

  • O que verdadeiramente queremos para o CETRANS?
  • A que as pessoas decidem se tornar membros do CETRANS e aqui permanecem como tal?
  • O que é verdadeiramente importante para o CETRANS a curto prazo/2016; médio prazo/2017 e longo prazo/ 2018?

Além de sempre revisitar cada atividade realizada e ponderar sobre a validade de sua continuidade ou não, mesmo daquelas bem sucedidas, a intenção das UAs do CETRANS para os próximos anos pode ser resumidamente expressa a saber:

  • Em 2016 − refinar a aproximação da cultura TD; inovar no que consiste publicação e gestão TD; abrir para ocupação dos Membros o espaço da Sala CETRANS; renovar os meios de comunicação;
  • Em 2017 − coparticipar do 1º Fórum Brasileiro TD. Promover formação TD sobre o tema «Eros in Vivo».
  • Em 2018 − Promover formação TD referente ao tema relação homem/mulher; relação intergeracional; relação com a morte.

Encerrando esta fala, gostaríamos de deixar com vocês algumas palavras de Alain Chevillat:

Nós temos muito a tendência de viver como um trem que rola pelos seus trilhos, sem nos colocarmos muitas questões. Mas no primeiro acidente» da vida nós despertamos: «Onde me encontro?», «Que fiz? », «O que quero?». É bom se colocar todas estas questões para uma vida mais plena, mais feliz, mais vivente. É bom de as contemplar, de deixar as repostas emergirem e de se engajar lucidamente no caminho que elas nos indicam.

Todas as questões colocadas nesta Assembleia não têm outra finalidade senão elucidar e aglutinar forças para que o CETRANS melhor realize a sua missão de Centro de Educação Transdisciplinar que é hoje − uma marca e uma egrégora.

 

UA Formação

Nesta primavera, finalizando o ciclo de Encontros TD 2015 realizados na Sala CETRANS sobre o tema foco «Transdisciplinaridade: o Símbolo e o Sagrado», tivemos a honra de ouvir e dialogar com dois palestrantes que abordaram assuntos complexos com a simplicidade e profundidade que apenas é possível àqueles que com humildade se dispõem a compartilhar o que de mais essencial caracteriza o conhecimento e a prática TD. Refiro-me a Patrick Paul e a Amâncio Friaça.

No dia 24 de outubro, sob o título «Transdisciplinaridade: Interface do Símbolo e a prática do Laboratório na Investigação Alquímica», o Dr. Patrick Paul falou sobre o que é o segredo, o poder do consciente e o inconsciente e a graça no percurso TD. Afirma ele que no plano ontológico não há segredo, que este não passa de resistências cognitivas, geradas por identificações com o mundo exterior que são ultrapassadas na medida em que, por purificações sucessivas, nos colocamos no vazio e reconhecemos pela experiência − o corpo glorioso, diamantino, arco-íris − nossa ligação com o Universal, com o UM. O segredo, não é outra coisa senão o que não sei; o consciente inconsciente é a tecelagem da vida existencial e onírica, nela a transhistória da alma; a graça, o sopro que revela o insondável e cura. O alquimista não pode estar no caminho sem a graça; a alquimia não é uma questão de segredo, mas uma questão de caminho, onde sempre vamos encontrar nossas resistências, VIVER e depois conhecer.

No dia 28 de novembro, o Prof. Amâncio Friaça nos falou do «Desvelamento da luz desde a Antiguidade até o futuro a nossa frente». O tema foi apresentado a partir da visão de quatro tipos de tecnologia: a da ação, a sensorial, a intelectual e da natureza. Todas elas foram exploradas a partir de uma visão histórica e elucidadas através de registros da filosofia e da ciência. Amâncio encerrou sua fala alertando para a importância e necessidade do exercício contínuo da tecnologia da prevenção.

Para ouvir a palestra do Dr. Amâncio Friaça, acesse o link do canal de Podcast do CETRANS: http://goo.gl/MDhepm 

O CETRANS encerrou nesta primavera o ciclo de palestras 2015 sobre «Transdisciplinaridade: o Símbolo e o Sagrado». Os temas abordados enriqueceram sobremaneira a reflexão e a prática TD em diferentes níveis de realidade no âmbito de suas atividade internas, com reflexo no ser-fazer daqueles que participaram ativamente das atividades desenvolvidas.

Como já parte da tradição CETRANS, a cada ano o tema explorado nos Encontros TD e no Encontro de Membros procura atender uma demanda expressa de nossos interlocutores e participantes de nossas atividades. Os temas já explorados foram:

                        2010 – Contradição e o Sagrado
2011 – Linguagens TD
2012 – TD & a Estranha Ideia do Belo
2013 – Pragmatismo TD?
2014 – TD & a Desconstrução da Metafísica
2015 – TD: O Símbolo e o Sagrado
 

Anunciamos que o tema foco em 2016 será: «Cultura TD»

 

UA Gestão

Em 2016 a UA gestão se propõe facilitar o aclaramento do propósito do CETRANS, do papel das UAs, a que e a quem serve e o que o faz pulsar. Para tanto, este trabalho se embasará na psicologia social de Picho-Riviere com suas noções de mútua representacao interna ou vínculos recíprocos e significativos, alicerçados no fazer grupal do CETRANS, ou seja, seu projeto de existência, em torno do qual os vínculos se constroem, se alimentam de forma interdependente e sistêmica.


UA Publicação

Acabam de ser publicados dois livros do grande poeta Adonis, membro ativo do Centre International de Récherche et Études Transdisciplinaires – CIRET, Paris, sírio de nascimento e francês por adoção, autor que muito contribuiu para a criação e desenvolvimento da cultura transdisciplinar:

ADONIS. Le livre III (al-Kitâb) Hier Le lieu Aujourd'hui – Éditions Seuil. Paris, 2015. Tradução do árabe por Houria Abdelouahed, último volume da obra prima do autor. ADONIS. Violence et Islam, Éditions Seuil. Paris, 2015. Entrevista concedida a Houria Abdelouahed, um grande livro para compreender o Islã de hoje. Segue link com entrevista em espanhol do autor sobre o assunto: http://goo.gl/kO6iry 

Práticas da interdisciplinaridade no ensino e pesquisa de Arlindo Philippi e Valdir Fernandes (org) publicado pela Editora Manole em 2015, ganhou o 1º lugar na categoria Educação e Pedagogia do Prêmio Jabuti 2015. Contendo artigos de Patrick Paul e de Américo Sommerman, entre outros autores, essa obra apresenta e discute o trabalho de docentes e pesquisadores envolvidos com o ensino e pesquisa de pós-graduação multi e interdisciplinar. Nela fica evidenciada a importância de alicerces teórico-conceituais aplicados à prática da interdisciplinaridade no ensino e pesquisa, revelando a construção de uma comunidade científica atenta à complexidade da vida e de suas exigências. Dividido em três partes – “Fundamentos da prática interdisciplinar”, “Interdisciplinaridade em prática: dimensões metodológicas e operacionais” e “Prática interdisciplinar no ensino, pesquisa e extensão”–, demonstra o comprometimento da comunidade acadêmica com a busca de respostas para as demandas da sociedade, por meio dos conhecimentos necessários para o equacionamento e a solução de tais demandas.

A Teologia Mística de Dionísio Pseudo-Areopagita. Polar Editorial. São Paulo, 2015. Obra clássica da Sabedoria ocidental. Escrita entre o final do século V e o início do século VI, foi referência para toda a alta mística cristã ao longo dos 15 séculos posteriores.

Meditação sobre o tratado da pedra filosofal de lambspring (volume II). Patrick Paul. Polar Editorial. São Paulo, 2015. O Tratado da Pedra Filosofal de Lambspring é uma pequena obra clássica da tradição alquímica ocidental. A Polar Editorial lança o 2º volume desta obra que contém as quinze gravuras finais com ilustrações que oferecem detalhes de uma incrível precisão para quem deseja compreender o sentido da Grande Obra espiritual.

 

 AGENDA DE ATIVIDADES 

No nosso próximo CI@ anunciaremos a nossa agenda de 2016. Adiantamos que as seguintes atividades terão continuidade: Encontros TD, Meditação da Lua Nova, Meditação da Lua Cheia e Publicações.

Será oferecido também em parceria com a UNIPAZ um curso intitulado «Laboratório de Gestão Transdisciplinar: coformação de gestores aprendentes – LabGESTA» que terá início em abril. Para informações e inscrições: (11) 5083 4278 | contato@unipaz.org.br 

 

 ESPÍRITO TRANSDISCIPLINAR 

INSPIRAÇÃO

... nós nos lembramos aqui de que as faculdades criadoras ainda podem se manifestar de um modo apreensível sob uma outra forma, e, em verdade, nessa última posição de todas a mais decisiva apenas para um homem agraciado: lá onde falamos de inspiração espiritual ou do dom do gênio: quer se fale como Platão do delírio divino, quer o homem apareça como instrumento ou como enviado de Deus, quer, como no século XIX, se venere o homem genial como homem de uma natureza particular. Sempre se reconheceu certos homens particulares e raros que recebem, independentemente de sua vontade, a força para cativar o imperecível em símbolos, de revelar o efeito de Deus em seu tempo e, com isso, intervir por séculos no destino dos homens, na felicidade e na infelicidade. Claro que se precisa anos de preparação para que isso aconteça ... os homens, com o quais isso acontece, não são mais apenas homens, mas eles são os ateliês, nos quais as forças criadoras atuam visivelmente e criam testemunhos que apontam para além do humano. Aquilo que emerge nesta camada suprema da realidade é ao mesmo tempo o mais objetivo e o mais subjetivo...

Manifesto de 42 – Werner Heisenberg


 

 

 

UA Comunicação – Vera Lucia Laporta
UA Comunidade – Heloisa Helena Steffen
UA Formação – Maria F. de Mello
UA Gestão – Dalva Alves
UA Publicação – Vitoria M. de Barros